Vida de lágrimas ou lágrimas de vida?
Estava eu sentado no meu quiosque predilecto a beira mar, quando ouvi essas palavras.
Vi uma mulher se aproximar, uma lágrima corria pelo seu rosto. Seu aspecto era de
desespero. Ela olhou-me, e fez uma pergunta: Até quando nós teremos que chorar?
Encarei-a, fiquei a pensar. Nada respondi, pois naquele momento senti-me vazio inerte.
Tive a impressão que em um segundo o mundo tinha parado com a dor daquela mulher.
Senti-me triste, terrivelmente triste. Não tinha palavras, minha mente parecia uma gigantesca
roda, girando , girando, girando a uma velocidade ímpar. Um frio subiu-me pela espinha tomando todo o meu corpo.
Ela continuava ali, parada, mirando-me, suplicando uma resposta.
Que fazer? Que resposta eu poderia dar? Meus conhecimentos e entendimento da vida
são parcos. Senti-me como se fosse um menino desamparado, olhando para o céu em busca
de uma resposta.
De repente senti, pareceu-me ouvir umas palavras. Não sei dizer de onde vinha,
apenas ouvi: Nós neste mundo viemos para chorar, verter muitas lágrimas.
Creio mesmo que estaremos com os olhos marejados de lágrimas enquanto tivermos
aqui na terra.
Permaneci ali a cogitar, sobre a vida e as lágrimas.
Senti um frémito, e a mulher de pé, continuava ali com um olhar interrogativo.
Meneie a cabeça, de um lado para o outro, ofereci-lhe uma cadeira, no que ela aquiesceu,
disse-me que queria falar e ouvir qualquer coisa que pudesse atenuar a sua dor.
Fiquei a meditar, e automaticamente senti que me expressava bem devagar.
Assim falei: É curioso, antes de vermos a luz do sol, estamos presos no ventre de nossas
mães, em um espaço mínimo, e nos sentimos confortavelmente seguros. Ao recebermos
o alvará de liberdade para contemplarmos o mundo o fazemos em prantos.
Eis ai o começo de nossos lágrimas. Após a nossa chegada, é um nunca acabar de lágrimas.
Choramos na infância por diversas necessidades.
Choramos na puberdade, na vida adulta e na velhice, por infelicidades, como a dor física,
a dor de uma perda, a dor de qualquer tipo de tragédia que nos alcança.
Também vertemos lágrimas pela felicidade de um nascimento, de um bem material que
tínhamos tanto desejo de obter, e como não poderia deixar de ser, choramos pela
vontade de amar e sermos amado.
Cada gota de lágrima que cai de nossos olhos por infelicidade, apaga todas as luzes
e encobre a terra com um terrível nevoeiro.
Cada gota de lágrima que cai de nossos olhos por felicidade, ilumina todas as almas.
Por isso senhora nada sei dizer ou interpretar, se temos uma vida de lágrimas,
ou se as lágrimas nos dão vida.
Ela levantou-se, espelhou um arremedo de sorriso em seu semblante, disse-me:
Senhor, encontrei a resposta que eu precisava, sua ajuda foi valiosa, são as
lágrimas que nos dão vida.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
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