terça-feira, 3 de junho de 2008

A minha madrinha Mãe Yemanjá

Mãe Yemanjá, senhora do mar sagrado, minha madrinha e também minha mãe.
Nos proteja neste oceano que é a vida.
Nos ajude a navegar em um mar tranquilo.
O mar encapelado de vicissitudes seja afastado de nós.
Ondas suaves de amor e paz seja o tópico de nossa navegação.
O mar bravio e os escolhos sejam a constante de nossos inimigos.
Que suas naus de ódio, inveja, maledicencia e todo mal visível e invisível,
diurno ou noturno sejam levados para as profundesas do mar sagrado.
Mãe Yemanjá, minha madrinha, faço esta oração porque creio e tenho fé
em seu poder, e por saber que sempre estarei amparado por sua força.
Com todo amor e carinho, peço sua benção.
Agô minha Mãe.

Apocalipse

Veio à chuva, qual uma perversa dama acompanhada do vilão vento,
que com toda sua força, soprava derrubando tudo.
Os trovões e relâmpagos faziam coro, e de quando em quando,
um relâmpago mais brutal descia a terra e ceifava uma árvore ou
um outro ser.
Era a fúria incontida de todos os deuses, apavorando e humilhando os
homens.
É a terrível verdade, podemos destruir-nos uns aos outros, criar artefatos
medonhos, porém existe algo ainda superior às nossas maquinas e forças.
Infinitamente mais poderoso, que pode destruir-nos de forma que nenhum
artefato construído pelo homem possa ajudar.
Chuva, vento, maremoto, terremoto, relâmpagos e vulcões.
Se um dia reunirem-se e resolverem nos dizimar, nada escapará.
Será a guerra dos deuses contra os homens, o apocalipse.

O vento a vida e a morte

No concerto da vida, as cordas são tocadas pelo vento.
Em um momento, um vento brando faz os acordes soarem suaves em nossas vidas,
quase uma brisa melodiosa nos da o tom da brandura do amor.
Em outras fazes, com a ferocidade de um furacão nos chega a tristeza, e com ela
languida, se insinuando em nossos pensamentos a dor que traz consigo a angustia,
e isto nos leva a pensar, se existe realmente algo válido em nossas vidas.
Será que o uso constante da rotina terá nos afetado de modo a deixar-nos a deriva?
Eis uma questão que provávelmente nos porá a frente de uma infinidade de
respostas, pois à cada indivíduo uma idéia, e quiçá argumentos que nos deixarão
perplexos, pois cabe uma interpretação adaptável as condições de cada um.
Creio que quem responder sobre essa questão, lhe será concedido a medalha da
sabedoria adquirida nos livros ou na prática da vivência.
De qualquer forma estaremos sempre ao sabor do vento, que é a força da natureza
nos empurrando para a única verdade e realidade à vida, que deve ser trabalhada
e bem trabalhada, e posteriormente a morte.
É algo impar, sem rival, podemos até achar cruel, porém em sua majestade, ela é
incrivelmente bela, pois nos tira o peso dessa realidade. Nos impede de sermos
onipotentes e eternos tiranos, não nos da o prazer do eterno poder, justamente
porque tudo que fizermos nesta vida, com o coração cheio de inveja, prepotência,
vaidade e orgulho será extinto da maneira mais simples e singela, como o apertar
de um interruptor apagando as luzes.
Só nos resta rir, ou sorrir, pois uma suave aragem, nos diz que a vida e o poder
do homem (para nossa sorte), não é eterno, será conduzido por um vento que nos
fará ressarcir de nossas mazelas.
Outros seres virão e terão a tarefa de aprimorar o que não conseguimos, mas jamais
teremos o poder da perfeição.
E o concerto da vida será finito com os acordes soando com um vento em diapasão
descompassado.

O ápice da raça humana

Ao nascermos saímos do ventre de nossas mães quietinhos, mas para termos
consciência que passamos para a condição de terráqueos, sofremos a nossa
primeira violência terrestre, o obstetra nos da uma palmada, neste momento
sentimos inequivocamente a primeira dor.
É o início de nossa epópeia no mundo. Dor e sofrimento, não obstante encontramos
o prazer e à alegria para amenizar nossa passagem por aqui.
Começamos assim a procura de um meio para evitar a depressão e a angustia.
No dia-a-dia aprendemos no concurso da vida a dissimular nossos anseios com
evasivas e sorrisos. Muitas vezes concordamos e aceitamos fatos que nos são
opressivos (e isto é uma particularidade de cada um), principalmente na vida adulta.
Diz o dito popular "o trabalho dignifica o homem", vamos além, no amor, no prazer,
e na alegria. Esses são sentimentos intrínsecos no ser humano, do mesmo modo
a dor e o sofrimento.
Porém a liberdade depende diretamente do núcleo do qual fazemos parte.
Vamos evidenciar as palavras pobreza e fome que nos traz dor e sofrimento,
e com elas tolhendo nossos passos o preconceito.
Mas, o ser humano é cheio de surpresas, e supera tudo isso (não importando a
condição em que viva), em um momento sublime, a contribuição para a perpetuação
da espécie. Nesta hora o homem se transforma em deus.
É o absoluto e verdadeiro ápice da raça humana, a fecundação.

A conquista

Perguntei ao meu amigo Marabô o Eremita, de que modo ele concebia a palavra conquista.
Como ele via o homem que se embrenha na selva da vida para encontrar um lugar que de
certo modo ele dirá, este posto é meu porque o conquistei.
Marabô pegou seu cachimbo, olhou-me e ao provir o fornilho de tabaco, expressou-se da
seguinte maneira: - Grande é a vitória do homem quando ele consegue ser respeitado,
idolatrado, mistificado, odiado e até amado. Melhor ainda quando ele parte do nada.
Mas isso só acontece quando ele nada teme. Quando tem certeza que tudo que faz, bem
ou mal, ele o faz com todas as suas forças. Seus erros e acertos são somente seus, não
transfere temores a outros, assume total responsabilidade a tudo que toca.
Sabe que a vida é transitória, que transitório será o seu poder. Pos isso enfrenta a tudo
e a todos, até a concretização de suas aspirações. O Eremita dá uma pitada em seu
cachimbo, olha a fumaça se volatizar, e continua: - A comodidade serve para todos, porém
ação e realização cabe para um numero reduzido de homens.
Por não saber qual será o nosso fim, por não poder imaginar qual será o nosso ultimo dia
de vida, se breve ou distante, milhares de pessoas se deixam levar pelo cotidiano, não
desejando enfrentar e derrubar as cadeias que os prendem, e assim perecem em vida,
se arrastando qual refugiados na estrada da vida, a procura de uma ajuda que estará
cada vez mais distante, pois suas forças e desejos estarão minados pelo peso de seus
medos e fraquezas. É preciso tentar, tentar sempre, em todos os momentos, a cada
minuto nutrir o espírito com fome de mudanças e realizações, até que isso venha
acontecer. Isso se chama conquista.
E a conquista é a forma de expressar o amor a vida, melhor ainda quando ela é voltada
para o bem. -
Terminado o seu discurso, Marabô o Eremita olhou-me e perguntou se havia entendido,
se eu tinha percebido que o homem vive em eterna procura. Sempre encontra algo que
pode até ser o que não desejava, mas quase chega perto e até consegue materializar o
seu ideal. Algumas vezes irônicamente proporciona a outrem continuar a sua busca.
Marabô o Eremita, tinha cabado de dar-me mais uma aula. Levantou-se de seu banco
de pedra, apontou para o fogão e lá fui eu por a chaleira no fogo e passar um café bem
forte. Após a cerimonia do café, abraçou-me, com um até breve nos despedimos.
Sabia ele que eu voltaria aquele lugar inúmeras vezes para aclarar a minha mente.

Apenas humano

Eu vi a vida passar com todas as cores que o mundo expõe aos nossos olhos.
Desde menino tentei visualizar e avaliar o que se passa ao meu redor.
Em meu minúsculo mundo pouca coisa podia captar. Algumas vezes ouvia palavras e frases
que não conseguia atinar. Quando acordei de meu sonho de criança, dei por mim viajando
e ouvindo outros idiomas que mal podia entender. Mas, veio-me em auxilio o sentimento,
este está dentro de nós, e nos leva a descobrir coisas que jamais pensamos ser capazes.
Senti que não importa a lingua em que nos expressamos, pois o conteúdo do ser humano
permanece estável, em qualquer lugar que venhamos a nos apresentar. A matéria se faz
presente com toda sua força, nos deixa pasmo, pois ao depararmos com outras
culturas que se dizem superiores, vemo-nos ao desamparo. Onde pensávamos encontrar
fraternidade, somos acolhidos com intolerância e preconceito.
Como não poderia deixar de ser, as pessoas se apresentam de forma obtusas, cheias de
orgulho e até inveja por nos ver despojados de arrogância e sentido de tradição.
Alguém em alguma passagem minha pelo velho e culto mundo, um dia interpelou-me
sobre tradição. Como respondi que era um ponto de vista no qual eu não me prendia,
visto que para mim são tabus que vão caindo à medida que os séculos vão atravessando
a barreira do tempo, esse sujeito ficou furioso, replicando que somente um sul-americano
e brasileiro por excelência poderia dar uma resposta desse tipo e fora de propósito.
Quando ele me viu surpreso de sua fúria, concedeu-me um sorriso complacente e irônico,
como fosse ele um deus dando-me benesses. Sorri pelo meu lado, e respondi-lhe, que
quando um homem se sente feliz por pertencer ao gênero humano, não vê seu
semelhantes como obras inacabadas. E o que chamamos de tradição nada mais é do
que uma forma de acentuar preconceitos de uma etnia. Eu me considero feliz por viver
em um país onde realmente a liberdade se faz presente em todas as suas formas, chega
até as raias da anarquia. No entanto o meu amigo do velho e culto mundo, ainda não
conseguiu divisar em seu horizonte, que as guerras que ali ocorreram fizeram uma mudança
radical em seus conceitos e tradições. Formas e cores foram trocadas entre vencedores
e vencidos, os matizes foram acentuados pelo capitular do ódio, da dor, da miséria e fome.
Principalmente a fome em todos os sentidos e formas, fome de ajuda, de igualdade,
de justiça, compaixão, e mais importante ainda fome de mudanças. Onde ficou patente
que por causa de guerras as tradições e precoceitos foram varridos por seus próprios
vassalos.
E aqui em paz, neste novo e inculto mundo (como eles pensam), trabalhamos e muito,
e também aprendemos que o melhor modo de viver, é curtir a vida sem preocupar-nos
com tradições, pois essas fenecem.
E o melhor, e o principal é ser BRASILEIRO, é ser espiritualmente sadio, pois
não desejamos e não queremos ser beligerantes e ocupar o espaço de outrem.
Que venham ocupar o nosso espaço com um copo de chope na mão, brindar por toda
humanidade.
Isto sim encaro como tradição, termos o direito de sermos apenas HUMANOS.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Do vermelho ao cinza pó

Alguém me disse um dia, que eu estaria melhor em um convento, onde as notícias do mundo
não estariam chegando aos meus ouvidos, desse modo eu poderia dormir tranquilo.
Que o meu nome deveria ser Utopia. Na ocasião achei cômico, e fiquei idealizando o meu
nome completo, Utopia Quimera da Silva. Grande nome, muito sugestivo, eu passando nas
ruas e as pessoas apontando para mim, e dizendo lá vai Utopia.
Depois fiquei a pensar, que história é essa de utopia, não fico a imaginando coisas utópicas.
O que eu penso e procuro transmitir é o sentimento, é o arfar de nossas respirações
aceleradas por alguma ocorrência que nos permitiu fazer o sangue correr mais rápido em
nossas veias.
Jamais imaginei a China destruindo os Estados Unidos, ou vice-versa. Pois uma calamidade
desse quilate não estaria afeita apenas à duas nações, implicaria na destruição do mundo.
Pensando bem, não seria nada utópico, pois sabemos que as duas nações podem envolver
os estados do planeta em uma guerra nuclear, basta existir um louco com aspirações
dimensionada a destruir um grupo étnico, ou quiça uma região que ele sinta não poder
se apossar. E gritar para o mundo, se não é meu também não será de ninguém.
Utopia será o nome dessa figura, pois desejará ter tudo e nada terá.
Já vimos algumas figuras desse tipo passar por aqui e desaparecer.
No momento que chegamos ao terceiro milênio, passei a sentir-me mais feliz, pois não
haverá neste planeta homem algum que podendo se apossar de tudo (por sentir seu
poderio bélico imenso), tenha essa disposição, vontade pode não lhe faltar, mas apesar
da loucura, sabe que nada levará e irá se auto-destruir.
Uhmm... agora ficou utópico, se o louco for deveras louco, nada e ninguém o impedirá
de nos destuir. Já que ao seu redor outros loucos, estarão tão doidos para ver o que
acontecerá se despejaram em alguns pontos da terra seus artefatos nucleares, que
serão unanimes em premirem o botão vermelho.
E nos livros, contando a nossa história e época, estará assim escrito:
- Então eles passaram do botão vermelho ao cinza, o cinza pó...