terça-feira, 3 de junho de 2008

Apenas humano

Eu vi a vida passar com todas as cores que o mundo expõe aos nossos olhos.
Desde menino tentei visualizar e avaliar o que se passa ao meu redor.
Em meu minúsculo mundo pouca coisa podia captar. Algumas vezes ouvia palavras e frases
que não conseguia atinar. Quando acordei de meu sonho de criança, dei por mim viajando
e ouvindo outros idiomas que mal podia entender. Mas, veio-me em auxilio o sentimento,
este está dentro de nós, e nos leva a descobrir coisas que jamais pensamos ser capazes.
Senti que não importa a lingua em que nos expressamos, pois o conteúdo do ser humano
permanece estável, em qualquer lugar que venhamos a nos apresentar. A matéria se faz
presente com toda sua força, nos deixa pasmo, pois ao depararmos com outras
culturas que se dizem superiores, vemo-nos ao desamparo. Onde pensávamos encontrar
fraternidade, somos acolhidos com intolerância e preconceito.
Como não poderia deixar de ser, as pessoas se apresentam de forma obtusas, cheias de
orgulho e até inveja por nos ver despojados de arrogância e sentido de tradição.
Alguém em alguma passagem minha pelo velho e culto mundo, um dia interpelou-me
sobre tradição. Como respondi que era um ponto de vista no qual eu não me prendia,
visto que para mim são tabus que vão caindo à medida que os séculos vão atravessando
a barreira do tempo, esse sujeito ficou furioso, replicando que somente um sul-americano
e brasileiro por excelência poderia dar uma resposta desse tipo e fora de propósito.
Quando ele me viu surpreso de sua fúria, concedeu-me um sorriso complacente e irônico,
como fosse ele um deus dando-me benesses. Sorri pelo meu lado, e respondi-lhe, que
quando um homem se sente feliz por pertencer ao gênero humano, não vê seu
semelhantes como obras inacabadas. E o que chamamos de tradição nada mais é do
que uma forma de acentuar preconceitos de uma etnia. Eu me considero feliz por viver
em um país onde realmente a liberdade se faz presente em todas as suas formas, chega
até as raias da anarquia. No entanto o meu amigo do velho e culto mundo, ainda não
conseguiu divisar em seu horizonte, que as guerras que ali ocorreram fizeram uma mudança
radical em seus conceitos e tradições. Formas e cores foram trocadas entre vencedores
e vencidos, os matizes foram acentuados pelo capitular do ódio, da dor, da miséria e fome.
Principalmente a fome em todos os sentidos e formas, fome de ajuda, de igualdade,
de justiça, compaixão, e mais importante ainda fome de mudanças. Onde ficou patente
que por causa de guerras as tradições e precoceitos foram varridos por seus próprios
vassalos.
E aqui em paz, neste novo e inculto mundo (como eles pensam), trabalhamos e muito,
e também aprendemos que o melhor modo de viver, é curtir a vida sem preocupar-nos
com tradições, pois essas fenecem.
E o melhor, e o principal é ser BRASILEIRO, é ser espiritualmente sadio, pois
não desejamos e não queremos ser beligerantes e ocupar o espaço de outrem.
Que venham ocupar o nosso espaço com um copo de chope na mão, brindar por toda
humanidade.
Isto sim encaro como tradição, termos o direito de sermos apenas HUMANOS.

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