segunda-feira, 30 de julho de 2007

Campo de batalha

O céu cinzento com grossas nuvens prenunciava um dilúvio.
O vento forte trazia o cheiro de pólvora, de sangue de carne queimada e em
decomposição. Era o próprio inferno materializado.
A terra juncada de sangue e lama tremia. O matraquear da metralha, os morteiros
e granadas ao caírem semeavam a mor, a dor e a destruição.
Com impactos apocalíticos, as bombas formavam um dantesco quadro de corpos queimados
e retorcidos em grotescas posições. O medo, o pavor e o ódio se espalhavam pelas
fileiras de homens embrutecidos pelo flagelo da guerra. Como se só isso não bastasse,
a fome, o frio e as doenças vinham partilhar o banquete em que a morte é a anfitriã.
Jamais poderemos colocar em ordem cronológica o que pode ser pior.
Se for a fome, o ódio, as doenças e o frio, ou se é a destruição dos homens no front,
ou se é a destruição moral e espiritual dos homens que retornam dos combates.
Talvez venha ser o ódio insuflado nas nações por homens que jamais pisarão em um
campo de batalha. Esses Homens tudo fazem para colocar um país contra outro, apenas
para satisfazer suas ambições desmedidas. Eles jamais sentirão o terror da morte
antecipada, com suas carnes dilaceradas pelo fogo dos canhões.
Contudo homens são homens. Em meio a carnificina, atos isolados de heroísmos,
de abnegação e mesmo de extrema humanidade se fazem presente.
Onde o humano e o racional quase deixaram de existir.
Porém o importante é nutrir um ódio ao inimigo como somente os homens sabem alimentar.
E neste ínterim, descobrimos que o campo de batalha está em toda parte,
não é só onde troam os canhões. Justamente onde estiver o ódio, a inveja,
o preconceito, o racismo, ou em qualquer lugar onde palavras possam destruir
um homem, rasgando seu peito, dilacerando sua mente.
Talvez muito pior do que o fogo da metralha, sejam os apaniguados do terror, que
estão em toda parte, criando seus campos de batalha.

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