sábado, 21 de julho de 2007

Não chore pelos homens

Corri da fome, porque me disseram que ela é terrível.
Ela trespassa seu estômago como um ferro em brasa.
É uma dor lancinante, que lhe dá vontade de chorar.
Ai, você chora com medo da fome, e ao mesmo tempo,
chora porque os homens fizeram-lhe sentir.
Sentir seu corpo definhar, sua mente embaciar.
Que fiz eu, para a fome me abordar?
Pergunta um menino, em alguma parte do mundo.
Sinto a queda do meu ser, sinto minha vontade esvanecer,
sinto a fome se acercar, ela vem como uma madrasta pungir
o meu porvir.
Como farei para lhe fugir?
Nada sei! Nada posso saber, os homens querem me sacrificar,
fala um menino em alguma parte do mundo.
A febre do poder nos faz dilacerar. A febre da posse nos faz matar,
com ela vem a fome para nos sacrificar.
África, no meio, a morte a lhe cercar. Oriente e Ocidente nada a lhe
obstar, a fome, sempre a fome a todos sugar.
Pergunta um menino, em alguma parte do mundo,
serão eles civilizados?
Se forem, porque nos deixam matar?
Chore criança, chore. Mas não chore pela fome, ela não merece.
Chore por você não ter o que comer.
Chore pelos seus iguais em alguma parte do mundo.
Chore pelo mundo de indiferença.
Chore, mas não chore pelos homens, eles não merecem sua lágrimas.

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