Marabô o Eremita mandou me chamar, e subir a serra, precisamos conversar.
Lá fui eu, ao chegar, como de hábito, a recepção é sempre esfuziante. Ao fundo, no fogão a lenha, a chaleira no fogo para que eu passasse um café bem forte e gostoso.
Após esse ato, pegamos nossos cachimbos e fomos nos acomodar em nossa pedra preferida a beira do rio. Depois de algumas baforadas, Marabô o Eremita, começou a dissertar sobre política.
Ele falou que a política está presente em nosso dia-a-dia, pois a usamos em todos os momentos
ao trocarmos idéias com nossos interlocutores. É usual nós querermos convencer alguém
sobre algum tópico. Nesse ponto a política entra, ora arrogante, cheia de malícia, de astúcia,
de perfídias ou de diplomacia, habilidade e sensibilidade de partilha, honestidade e amor.
Quis saber como eu vejo a política e se eu poderia dar-lhe o prazer de ouvir-me.
Pediu-me que fizesse uma explanação tipo uma crônica. Como seu discípulo, senti-me
lisongeado, fechei os olhos por alguns instantes como ele sempre me ensinou, para meditar e receber as palavras que viriam iluminar a minha mente. Comecei meu ditado:
Campanha eleitoral é festa, é carnaval, o povo gosta disso.
Então vamos alegra-los, mais vamos gastar muito dinheiro com isso.
Os gastos, ah... os gastos, são acidentes de percurso, se eleitos podemos recuperar tudo,
e ainda por cima obteremos lucros. Aliás é o que queremos lucros.
Vamos comprar votos, vamos agir de modo que eles votem não como cidadãos,
mas como bois de curral que entram em fila para serem castrados.
Eis aí o que é a política para esses senhores que usam e abusam
do poder monetário, para depois subtrair o erário público.
Política para eles, é astúcia e rapinagem.
Política para nós, é diplomacia, é a ciência de governar partilhando idéias com nossos
correligionários, é agir com habilidade, é sentir o clamor público.
Se você vende o seu voto, está vendendo a sua alma, a sua força,
o seu poder de dizer não aos políticos corruptos.
Depois nada poderá cobrar do seu candidato, que você até já esqueceu.
Esqueceu ? Sim, esqueceu porque foi objeto de compra e venda.
Vote com o coração. Vote pensando que é nescessário mudar, mudar para melhor.
Meus amigos os maus políticos são perversos, principalmente com os humildes.
Eles tiram o nosso direito de usufruir a cidadania.
Eles não querem que tenhamos conhecimento das leis e obrigações que nos transforma
de seres humildes em poderosos cidadãos eleitores.
Sim, acreditem, somos poderosos e tambem podemos ser maus, terrivelmente maus.
Vamos usar a nossa maldade no voto. O voto é a nossa arma, e somente através do voto
poderemos recuperar a nossa dignidade ferida, vamos arrasa-los nas urnas.
Digamos não aos maus políticos, que só querem usar do poder que nós lhe demos
em proveito proprio.
Ao término de meu discurso, olhei para o meu mestre, e fiquei a espera de sua nota.
Ele com aquele sorriso inegmático, deu uma baforada no cachimbo, ficou a olhar a fumaça
evolar-se, e falou que eu deveria divulgar os meus pensamentos de modo que todos
tivessem conhecimento, e fizessem uma meditação antes de se encaminharem as urnas.
Fiquei feliz, senti que ele aceitou as palavras de seu discípulo.
Eu, Abu-el-Moura, menor que um grão de areia, mas, discípulo de Marabô o Eremita,
Agradeci ao Espírito do Bem e da Luz por mais um dia de vitória.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
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