quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Marabô o Eremita

Conheci um simpático ancião que veio mudar o meu modo de agir e pensar.
Um belo dia sentado na mureta do aterro do Flamengo na altura do MAM, olhava para o mar, que naquela
parte vive preso dentro daquela enseada, com águas turvas pela póluição. Estava a pensar, até o mar em
alguma parte do mundo se deixa prender. Foquei o olhar um pouco mais longe, onde podia divisar o morro
do Pão de Açucar. Realmente o dia estava belo, céu azul, sem nuvem alguma para macular esse azul
magnifico que a natureza nos dota.
Estava aborrecido com o meu trabalho e a minha vida. Os meus colegas tinham sido promovidos, e eu com
pleno conhecimento de tudo o que concerne ao meu trabalho tinha sido preterido. Queria atinar qual foi o
critério adotado para que eu fosse esquecido. Enfim vendo que até o mar fica preso em algum lugar, que
dirá eu, um simples mortal. Após esses pensamentos, olhei para a minha direita e dei com um simpático
velhinho me olhando e sorrindo, retribuí o sorriso. Ele me dirigiu a palavra, perguntando se eu estava muito
aborrecido. Fiquei surpreso com aquela pergunta e retruquei com outra, como ele sabia que eu estava
muito aborrecido? Ele sorriu novamente, respondeu que era facil ver-se, já que a minha expressão facial
era de quem estava com algum problema insolúvel para aquele momento.
Fiquei a pensar de que modo lhe daria uma resposta mais dura, que ele merecia desde o momento que
quiz se intrometer na minha vida. Mas algo me prendeu, como ele sabe que o problema é insolúvel para
aquele momento? Fiquei curioso! Comecei a estuda-lo, antes de emitir qualquer palavra. Ele apenas sorria.
Com aquela barba branca, um pouco longa, porém bem aparada, com uma cabeleira alva e resplandecente
a luz do sol, mais parecia um capacete esculpido em prata polida sobrre a sua cabeça. O aspecto de
asseio em suas roupas, me fez sentir e ver que era alguém além do que eu poderia supor.
Respeitosamente me apresentei, com aquele sorriso indefectível e uma voz grave e ao mesmo tempo
suave, disse-me que já me observava há muito tempo. Mais uma vez fiquei surpreso, porque ele estaria
me observando? Como se estivesse lendo os meus pensamentos, falou de imediato que vive observando
as pessoas porque necessita de alguém para ajuda-lo em algumas coisas que se referem a alma, e a
procura da paz interior. Provavélmente eu estou dentro dessa esfera, por esse motivo ele acha por b em
me recrutar. Fiquei atônito com o convite. Senti medo de não ser o que de mim se espera.
Respondi, ainda não estar preparado para uma missão dessa natureza. Justamente por ter todas as
mazelas da matéria. Terei formar uma pauta, primeiro olhar para dentro de mim, ver o meu eu. Tenho
que ter em mente que isso será uma prática exaustiva até conseguir encontrar-me. Sei que ao conseguir
esta meta, sentirei que além de homem matéria sou também homem espírito e com isto terei toda a
grandeza do universo dentro de mim.

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