Pego jornais de outras cidades, vejo uma série de eventos programados,
e alguns acontecimento de vulto na Região dos Lagos.
Vejo em determinada página de um jornal um sumário indicando as localidades
e datas das realizações, fico pasmo, todas as cidades da Região dos Lagos estão
ali relacionadas, falta apenas uma, Saquarema.
Estou no momento em Cabo-frio, me dirijo a um senhor que está a porta de uma loja,
com um livro na mão. Pergunto-lhe se sabe alguma coisa referente a Saquarema.
Ele prontamente responde, que esse lugar não existe, pois os políticos dessa
localidade dilapidaram o que poderia existir de melhor por lá. Fiquei surpreso com
essa resposta. Tentei interpela-lo, porém pediu que eu o ouvisse. Foi mais longe,
disse ter tido uma loja naquele sítio, porém foi obrigado a sair, pois nada acontecia.
Todas as vezes que pessoas de bem procuraram dar um impulso maior a cidade,
os políticos queriam dinheiro não mão para permitir qualquer acontecimento.
A prova maior é que todas as empresas de vulto que por ali aportaram saíram
fugidas da sanha pedradora dos sanguessugas. Que não era necessário fazer um rol
dessas empresas que todos conhecem. Ele continuou, basta dizer que não registraram
a coitada da cidade como um dos pontos turísticos da região, e o pior de tudo amarram
o povo em currais eleitorais. Na época das eleições, os candidatos fazem uma verdadeira
maratona, é uma espécie de brincadeira, ¨barata voa¨, ou seja voa telhas e tijolos,
e mais algumas coisas. O candidato que se propuser a dar mais telhas, tijolos, canos,
sacos de cimento, e por ai vai... certamente receberá o diploma de Edil.
Não sei quem é o pior, se os candidatos na ânsia de se elegerem, ou o povo na ambição
de receberem suas dádivas. De qualquer modo, sentimos que um se habituou a tirar
tudo que puder do outro. Vivi ali 35 anos, e vi esses anos passarem de forma triste
para a cidade. Mas o que podemos fazer? O povo recebeu uma educação diversa dos
outros cidadãos das outras cidades. Depois de eleito, os vereadores querem tirar tudo
dos cofres públicos, por que eles investiram em telhas, tijolos, cimento, canos, etc... etc...
e o povo nada pode dizer por que venderam seu voto, ou melhor sua alma.
Pobre Saquarema, ela ainda aparece algumas vezes no noticiário jornalístico, quando
pegam algum bandido de cunho internacional, ou quando se esquecem que ela deve
permanecer no ostracismo, e organizam um campeonato de Surfe.
Meu amigo basta dizer que o circuito de Moto-Cross também saiu. O que mais você
pode pensar de um descalabro dessa natureza?
Veja, Araruama, Iguaba, São Pedro, Buzios e aqui Cabo-Frio, e assim por diante, todas
as cidades da região, tem uma plêiade de peso trabalhando em prol delas, querendo cada
uma mostrar que é melhor e mais bonita, que seu povo é inteligente e procura a cultura,
as artes como qualquer povo civilizado, agora Saquarema meu amigo, o senhor me
desculpe, saia de lá, não vai lhe fazer mal algum, e o senhor ainda vai ganhar.
E por fim a festa do Círio de Nossa Senhora de Nazareth, o segundo em importância
do país, transformado em uma feira de quinquilharias, como se a fé tivesse expirado
sua tristeza em decorrência da materialização.
Fiquei a cismar com essas atrozes palavras sobre a minha cidade, sim minha, porque
escolhi viver nela. Ainda tenho esperanças que um dia poderei vê-la com toda pompa
que lhe é devida. Aqui estou há duas décadas. Acho a cidade majestosa, tem lugares
que é uma verdadeira poesia. Por exemplo: perto da ponte do Jirau, aquela esplanada
de onde você pode descortinar todos os quadrantes. Ali naquele posto o raiar do dia é
uma coisa sublime, olhando-se em direção ao morro da Cruz, ver o sol levantando-se,
ou então o poente em direção a Barra Nova. O mirante do morro da Cruz, de lá,
seja ao por do sol ou em noite de lua cheia, é sempre extasiante.
Para nos deleitarmos com uma visão especial, vamo-nos transportar a praia de Itauna
em noite de lua cheia, essa se erguendo como se saísse do mar, esse em sua homenagem
ficando prateado, como uma estrada de luz, evocando passarelas de anjos descendo
do céu para nos abençoar. A praia da Vila no verão, regurgitando de gente, com alegria
estampada no rosto, o por do sol, a cerveja gelada, o peixe frito aromático.
Para finalizar, com a mais bela visão de todas, a igreja de Nossa Senhora de Nazareth,
erguida em 1630,(os portugueses sabiam escolher os observatórios), dali podemos
descortinar uma paisagem invejável, é tão linda, que só palavras não bastam para
descrevê-la, é preciso vê-la e ao mesmo tempo senti-la.
Meu Deus temos tudo, só nos falta o senso ético de nossos políticos e povo, para sermos
a mais aprazível cidade da Região dos Lagos.
Viva Saquarema, viva a minha cidade.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
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