sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Manter o humor em alta

Resolvi subir a serra, fui procurar meu mestre Marabô o Eremita.
Estava cansado e com a mente pesada. Fazia frio, chovia, uma chuva miudinha, queria chegar a sua
choupana o quanto antes, estava com dor de cabeça, alias estava com tudo, e não estava prosa.
Marabô me viu quando eu passava por uma curva lá embaixo. Como ele é espertinho, correu para o fogão à
por uma chaleira com água a ferver. Queria o meu café. Boa, muito boa, essa resolução, eu também
precisava de um café bem forte, aguardava-me na soleira da porta. Falamos as palavras de praxe, entramos,
eu já sabia o que tinha de fazer, fui passar o café. Ele me achou acabrunhado, mas sabia que havia uma razão
para isso. Marabô ficou me olhando por uns bons minutos, depois de algum tempo disse que sabia muito bem
que uma sucessão de acontecimentos tinham me deixado como um barco a deriva.
Mas, sabia também que eu estava me recuperando, que as dores já estavam mais branda, e as feridas já
tinham sido limpas e pensadas, e agora so me cabia esperar para poder remover as ataduras.
Informei-lhe que estava me sentindo quase recuperado, quando recebo noticias que o vil metal estava
abaixo do vermelho, tinha ficado roxo, totalmente roxo. E agora o que fazer? Como fazer?
Marabô, cai na gargalhada com o termo que usei. Ele replica Abu-El-Moura, gosto e você, por que você da
uma coloração magnifica aos problemas. Isso é bom, pois vejo que mesmo em uma situação que não lhe é
agradável, você sabe manter o humor em alta. Respondo, veja bem, estou vivo, de um modo ou de outro
tenho que me recuperar. Terei que apertar o cinto, o bolso, e tudo o mais que me causar despesas.
Ele concorda, e diz, já que você tomou uma resolução, o problema que o aflige deve ser sanado, é hora
de esquece-lo, lembra-lo quando a ocasião for aprazada. Ficar remoendo antes do tempo faz mal, não vai lhe
trazer benificio algum. Concordei, fiquei calado observando a chuva cair, ouvindo as gotas de chuva que caiam
através dos galhos baterem no telhado, como se fosse o ritmo pesado de um bumbo de marcação.
Marabô o Eremita sentado perto da porta, informou-me que as águas do rio estavam turvas.
Do mesmo modo que a chuva revolvendo o fundo do rio, fazendo com que as águas ficassem turvas,
eu estava atravessando meu periodo de águas turvas, mas como toda tempestade não vem para ficar,
eu tenho que esperar o tempo amainar. Tudo voltará ao normal.
Voltou-se para mim, e sentenciou, nada na vida e eterno, e você sabe disso,nem mesmo a dor.
Levante a cabeça, e saia airoso pelos seus caminhos, você continua de pé.
Nesse interim a chuva amainou. Levantei-me o abracei e me despedi, para voltar em outra hora,
receber outra lição. Quando estava na soleira da porta ele disse:
Abu-El-Moura é preciso manter o humor em alta.

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