sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Meu amigo Peter e Marabô o Eremita

Procurei meu amigo Marabô o Eremita, para elucidar um sonho que eu tive.
Como imagino, ele consegue ver muito além do que eu possa. Partí incontinente para a serra.
Lá chegando não o encontro, só me restava sentar na beira do rio e esperar.
Enquanto esperava fechei os olhos para meditar, e tentar ver dentro de mim se os meus cacos já estavam
em seus devidos lugares, bem coladinhos, ou se ainda tenho muito que colar.
Mas não vim aqui para ficar pensando em mim. Outras pessoas precisam de auxilio, e penso que devo fazer
tudo para ajudar. Ouço a voz do meu amigo vindo em minha direção, ele ainda está distante e fora do meu
campo de visão. Eis que eu o vejo, ele abre um sorriso e com sua voz grave me interpela, se eu já coloquei
a chaleira no fogo para passar um café bem forte. Respondo-lhe que ao chegar não o encontrando fui direto
para a beira do rio. Ele me olha e diz, porque ficou esperando, a porta está sempre aberta, mesmo eu não
estando o fogo estás sempre aceso, não vamos perder esse precioso tempo. Após essas primeiras palavras
de contato vou providenciar o café.
Marabô o Eremita olha-me e procura saber se eu estou com algum problema grave. Digo-lhe que não.
Então vamos encher o fornilho de nossos cachimbos, tomar café e depois você me apresenta esta nova
situação que lhe deixou alerta. Depois desse cerimonial, tomei a palavra e contei-lhe que sonhei com um amigo,
que ele, Marabô estava presente, em sua vestimenta de monge, falava-me sobre o dileto amigo. Senti que era
para dar um recado. Eu estaria investido como mensageiro do bem, as palavras ditadas, eu as teria que passar
para Peter e fazer que ele entendesse e meditasse, pois ali estava contida uma mensagem que lhe atingiria o
âmago. Estas eram as palavras: Seu amigo tem tudo em mãos, ele sabe que dois em um não se encontra
pelas esquinas ou bibliotecas da vida. É algo que já vem pronto,ou quase pronto, basta aparar as arestas
com o cuidado de um lapidador de diamantes, ou de um jardineiro que ama suas flores, ele não pode esquecer
que sua metade lhe espera e o ama. Perder o que é seu por negligencia é o mesmo que perder o ar que respira.
Cumuniquei ao Eremita que a minha missão estava cumprida, Peter recebeu a mensagem. Sem duvida alguma
ele a entendeu, irá meditar sobre o seu conteúdo, ele sabe que as palavras não são vãs.
Marabô ficou olhando a fumaça do cachimbo subindo e se dispersar, não pronunciou uma palavra por muito tempo.
Fiquei até intrigado. Quando voltou seu olhar para mim, tinha um sorriso nos lábios e disse: Abu-El-Moura,
recorda-se que lhe perguntei que rumo tomaria no futuro próximo se mago ou monge? Acenei com a cabeça que
sim. Ele começou a falar: Peter e você estão ligados pelos raios magnéticos do universo, vocês são amigos
gostam de uma boa conversa, gostam da vida nas suas nuanças de elêgancia, etiqueta, charme e luxuria,
belas mulheres, claro vocês estão na terra, mas também gostam de olhar para o lado sério da vida.
Nada mais natural que receber uma mensagem para lhe retransmitir. Você tem esse dom, ele também só que
não aflora. Pelo teor do recado você lhe prestou uma ajuda inestimável, ele como homem de bem como é,
vai meditar e sentir que alguém fora do seu circulo natural lhe quer bem. Você como instrumento do bem, nada
mais fez do que lhe foi dado a fazer. Creio que é esta sua missão atual, prestar ajuda sem estar exposto, ser
discreto e concreto, e como você mesmo disse, não estando exposto o orgulho não irá se manifestar em seus
pensamentos. O que tenho a dizer-lhes agora é o seguinte: Deus os abençoe, de um abraço em seu amigo
por mim. Saí feliz, sentindo que muita água ainda vai correr no rio da minha vida. Que Marabô o Eremita
mostrou-me que minha missão já está delineada. Eu sou Abu-El-Moura discípulo de Marabô o Eremita

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